terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O que eu quero é o meu querer...

                

               Conheço gente que sabe de tudo... Que tudo vê! Tudo percebe! Tudo entende! Tem sempre uma palavra para tudo... Eu estou descobrindo que nada sei! Tudo que eu pensava que sabia, tem hoje outras respostas. Minhas crenças desvaneceram... Minhas ideologias adormeceram... Meus sonhos foram mutilados... E minhas perguntas agora estão mudas. Sem ganchos. Resignadas. Apavoradas na constatação de que de nada adianta perguntar, inquirir, investigar... 

               Tem gente que sabe de tudo, mas, para minhas perguntas, só respostas vazias. Nada me dizem... Nada acrescentam. E sabe por quê? Porque as respostas hoje são pessoais. Cada um tem uma resposta, mas essa resposta é para si mesmo, e, embora possa parecer paradoxal, muitas pessoas acreditam que suas respostas são coletivas. Ao tentar "dar respostas para as perguntas alheias, minimizam seus "problemas", esquecem deles, afinal, ao "se preocupar com o outro", seu "problema" foi guardado na gaveta da "ajuda mútua". E ainda afirmam: "ao lhe ajudar, eu me ajudei". Quanta hipocrisia numa época de "falsa" coletividade. Quem se preocupa com quem? Quem tem tempo para se preocupar com o outro?

         O que eu quero é o meu querer... Não é mais o querer do outro. Vivemos individualmente, embora se pregue, por aí, a necessidade do coletivo. Coletivo? Alguém tem tempo para o outro? Sim, tem, nas redes sociais em que o "encontro é virtual". Para os encontros reais ninguém mais tem tempo. Em sendo assim, nas redes sociais, a solidariedade é linda! Mas, na prática, onde reside esse tal coletivo? Isolamo-nos em nós mesmos, muitas vezes por necessidade. Para buscarmos nossas próprias respostas ou até mesmo para formularmos nossas perguntas. O que o outro pensa, pensa para ele... O que eu penso, penso para mim. Tento resolver o meu "problema"... Mas, nas redes sociais, estamos "juntos" e... Separados! Fácil exercer "o faz-de-conta que ligo, que me importo, que me solidarizo"...  "Coitado do cachorrinho enterrado vivo"... "Que horror mataram fulano..."  Mas alguém parou para pensar nas pessoas vivas-mortas? Existem tantas por aí... Apenas sobrevivendo, porque mataram seus sonhos... Acabaram com sua dignidade... Roubaram suas fantasias... Espantaram suas verdades... 

               Talvez para se sentirem "bem", publicam tantas pregações: "Deus é fiel!"... "Quem tem Deus no coração não sente solidão"... Colocam Deus como solução para tudo e Ele é, desde que a pessoa faça a sua parte... Mas essa é a minha verdade e ela é relativa, eu sei. Mas, como eu sou crítica (ainda acabo com essa mania horrorosa), fico me perguntando: será que essas pessoas já pararam para pensar que pregam para si mesmas? Tenho para mim que, quando falamos, falamos para nós mesmos... É uma busca de "salvação!" Tentamos salvar a nós mesmos, "fingindo" salvar o outro. É que, quando tentamos "ajudar o outro", temos a sensação de estar contribuindo para o progresso da humanidade... E aí nossa alma, por instantes, aquieta-se na sua dor, afinal "a alma é coletiva", mas... 

               Mas, voltando às reflexões, é justamente por pensar assim que pouco tenho postado nas redes sociais. E, quando posto, falo de mim... Se posto ainda, acredito, deve ser para "ter algo pra fazer nas horas inúteis"... Tenho tido pouco tempo para o outro, porque estou, sem culpa nenhuma, cuidando de mim. Tenho tanto para "remendar", "descoser", "costurar"... É um trabalho de reconstrução mesmo. De derrubar tudo e começar de novo.  Mas aí me chega um desavisado e se mete a me dar conselhos... Meu Deus, se ele soubesse como "não preciso deles"... A resposta está dentro de mim... A cura para todos os males está dentro de cada um... Então, dá vontade de dizer o que meu sobrinho diz: "se conselho fosse bom era vendido"... Mas, por educação (ainda não me desvencilhei de todas as minhas bases), escuto! Às vezes choro, ao ouvir esses conselhos. Choro, porque "mexem nas minhas feridas", mas não colocam o remédio, apenas cutucam... Cutucam e as fazem sangrar novamente... Quando sangram, param! Parece que sentem prazer com a dor alheia. Noutras vezes, apenas escuto silenciosamente. Adianta dizer tudo o que estou escrevendo aqui? "Nadica de nada!".
             
               Então... Que venham os pregadores de plantão. Entendo-os... Comigo também ocorre isso. Às vezes, minha personalidade crítica (ainda acabo com ela) quase me obriga a "criticar" uma ou outra coisa que vejo nas redes sociais, mas aí me lembro de que cada um sabe de si e me calo... Tenho muito para fazer para me preocupar com aquilo que eu considero "erro". Que "erro"? Besteira! Cada um tem suas próprias verdades... Eu estou em busca das minhas... E como isso toma tempo... E cansa! Portanto, embora esse texto pareça uma crítica, ou até tenha um teor crítico. Não é essa minha intenção. São apenas reflexões.

               Talvez, por tudo isso, pouco tenho escrito, porque escrevo para "limpar as ruas repletas de lama"... "É uma ginástica aeróbica... Tento modelar o corpo da ginasta"... Mas essa ginasta anda relapsa e sem vontade nenhuma de escrever. Embora ela saiba dessa necessidade, tem preferido, interiormente, cantar: "Calma alma minha/Calminha!/Você tem muito/Que aprender...", porque "mesmo quando tudo pede/Um pouco mais de calma/Até quando o corpo pede/Um pouco mais de alma/Eu sei, a vida não para/A vida não para..."

          E aí... "Eu fico com a pureza das respostas das crianças"... E, como tudo é mesmo paradoxal, descubro que, embora não compreenda nem aceite ainda estas dores, "Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu..."

Roziner Guimarães