quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Para não dizer que não falei dos horrores que por aqui há


 
Geraldo Vandré cantou: "Caminhando e cantando/ e seguindo a canção/ Somos todos iguais/ Braços dados ou não/ Nas escolas...", mas aquele era um outro tempo...

No tempo de agora, Vandré, "a flor não está vencendo o canhão", pelo menos não em uma instituição de ensino de nossa querida e linda cidade de Barra do Garças.

FATO: Quase no final do ano passado, essa instituição OBRIGOU seus professores a fazerem uma PROVA DIDÁTICA. Objetivo: avaliar se os "seus" professores sabiam "dar aula". Muitos professores se recusaram a fazê-la. Outros fizeram e PASSARAM NA PROVA e outros, coitados, apesar dos longos anos em sala de aula e do apreço dos alunos por eles, FORAM REPROVADOS.

E agora, José? Perguntou Carlos Drummond, e a pergunta cabe aqui também. E AGORA, JOSÉ?

AGORA, o José que se recusou a fazer a tal prova, FOI DESPEDIDO, e o José que foi reprovado, pasmem, FICOU DE (para) RECUPERAÇÃO. Isso mesmo: recuperação para professores... Recuperação, meus senhores!!!

E quem elabora a tal prova? Duas pessoas: Disseram-me que uma é especialista e a outra, mestre. E o dono? Dono??? Bem, disseram-me que ele tem graduação (acho que em Administração. Ah sim... Administração de empresa. Entendi!!! hehehehe).

Mas, voltando à prova, quem não tem autoridade necessita ser autoritário... O oprimido vira opressor por almejar o poder... Ai teremos de ler: Foucault (pelo menos “vigiar e punir”), Pedro Demo, Paulo Freire etc. etc. etc.

“Mas, gente, a prova foi elaborada a partir do livro de Edgar Morin: ‘Os sete saberes da Educação’” – Poderiam argumentar as meninas inteligentes que elaboraram a tal prova. “Gizuis!!!”... Edgar Morin é um excelente escritor... O livro é ótimo. Mas... Mas... Digamos que já existem livros mais modernos. Esse ai eu li quando fiz o mestrado em 2002. Então quem não sabe os “sete saberes” nada sabe??? Hum!

Caros e amados professores, os senhores deveriam ter feito a tal provinha... Isso não se faz. É preciso “vestir a camisa”... “Mas, colega, a CAMISA ali é DE FORÇA!” Ó, meu caro professor, o que eu posso dizer: Você tem outro emprego? Você tem coragem para arregaçar as mangas e buscar outra atividade? Não?! Então, abaixe a cabeça e deixem que coloquem o cabresto! Depois, morra de raiva... Morra de tristeza... Morra de decepção... Morra!!! Aceite a cara feia... As broncas... Os gritos... A intransigência... A arrogância... E todo o assédio moral que ali é praticado.

E “não me venha com chorumelas!” Eu voo nas asas das incomensuráveis memórias e me alegro ao pensar: "Ainda bem que não mais estou lá"... As aves de lá não gorjeiam como as de cá. É muito assédio moral (e não é de hoje: "broncas, cara feia, trabalho "escravo", pois escraviza seus professores: tem de fazer isso...aquilo...aquilo outro e mais aquilo e, se não fizer, tem de assinar uma carta de advertência...) E O SALÁRIO Ó: ATRASADÍSSIMO!

Ai, você me pergunta: “Então, você não aguentou e saiu de lá? Não, colega, assim como alguns de vocês, eu, por algum tempo, fui me sujeitando a (quase) tudo, abracei meu cargo... Assumi minha responsabilidade... Sonhei! Mas aí vi que o meu era um sonho que se sonhava só! Então, abri os olhos e comecei a ser contra o “sistema”, porque, percebi, vi e senti que o “sistema lá era bruto”. Primeira atitude: cobrei pagamento dos professores (Tenho tudo isso registrado em e-mails e outros documentos) Falei... Esperneei... E fui demitida.

“Ah, então, você está escrevendo tudo isso por raiva”. Não, caro colega! Raiva eu senti sim, mas isso é passado. Escrevo, porque mais uma vez não consigo me calar diante de tantos absurdos... Despedem-se doutores, mestres, professores, porque eles se recusaram a compactuar com um sistema, no mínimo, autoritário... E contratam-se “professores”, recém-graduados, ou quando muito com uma especialização feita na própria instituição “dos mandos e desmandos”, alguns ex-alunos... hehehe. Claro, pagam-se bem menos por mão de obra não qualificada. E a Educação que se dane!!!
 “Ê vida de gado/ povo marcado ê/ povo feliz...” Ah mas alguns não são mesmos e nem compactuam com essas “ambições desmedidas à maneira do... Crato”, porque “há um limite até para o mínimo”! E o que eles fazem? Permitem-se ser demitidos e substituídos por seus ex-alunos ou por outros professores que aceitam “o cabresto”.

Também preciso ser justa com quem se submeteu a fazer a prova ou ainda se submete a outras arbitrariedades. Eu até os entendo: trabalho na cidade está difícil... Ninguém vive sem dinheiro e, apesar de atrasar o pagamento, um dia o dinheiro vem... Eu os entendo perfeitamente, caros e nobres colegas! Como eu os entendo. Escrevo não para desmoralizá-los. Não mesmo! Escrevo “para não dizer que eu não falei sobre esse “circo de horrores”, onde os verdadeiros palhaços são aqueles que elaboram essas provinhas e aquele que acha que, com isso, pode manter o poder!

Nós, nobres colegas, vamos: “Caminhando e cantando/ e seguindo (outra) canção/ aprendendo e ensinando uma nova lição!

Chega de escravidão!!!