segunda-feira, 16 de julho de 2012

A poesia II


Tornei-me maestro
E, nessa nova orquestra,
Estou redescobrindo gestos
Palavras
Para compor de novo minha vida...
Nessa regência,
Às vezes erro os tons
E a música perde o ritmo
Mas, atenta, ergo os braços
Buscando arregimentar
Novo gesto sinfônico
Para a poesia de minha vida!

Roziner Guimarães

A poesia...



A poesia não é feita apenas de confetes e purpurina...
Nada contra quem cria a partir de.
Poesia pode ser dor
Desatino
Medo...
Poesia para... Poesia de...
O coração encontra as razões
Para fazer com que as palavras tenham voz...
E falantes elas ignoram a razão
vestem-se de emoção
E, desavisadas, elas nem percebem,
Coitadas:
Anunciam a alegria ou a dor do poeta!

Roziner Guimarães

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A dor que as palavras sentem...


 
Queria escrever um poema
Mas as palavras escorregam
Pelos dedos e se recusam a cair no papel...
Os dedos, cheios de palavras sem voz,
Vergam-se tristes
E se quedam frios na mesma mudez das palavras!
Depois, em desatino, eles ficam quentes...
Muito quentes
Como se quisessem
(ou pudessem)
Queimar as palavras
Que os entortam!
Ledo engano
Um grito agudo, subjugado
Põe-se para fora da garganta
Urrando, e, ao mesmo tempo,
Sussurrando uma dor sem-fim... Lancinante!
Nada de poema... Os dedos não mentem
a dor que as palavras sentem!!!

Roziner Guimarães

quarta-feira, 4 de julho de 2012

 
Sem título
A Poesia que um dia me estuprou
E me fez poeta nas horas vagas e não vagas
Poeta mesmo que de uma nota só
Não é a mesma que hoje
Estupra esse meu desejo de Tudo e de Nada...
Essa poesia de agora não é mais urgente
Não tem pressa... Leva horas para ficar pronta...
E às vezes apenas balbucia...
O verso fica pela metade...
A rima não rima...
O poema fica sem ritmo...
Essa poesia de agora esqueceu a linguagem
que a enaltecia...
Hoje...
Hoje a poesia apenas chora a dor que o estupro lhe causou.
Roziner Guimarães