terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Será que você sabe ler de verdade?


                Nunca me dei muito bem com os substantivos. Não adianta ter substância se essa substância não é qualificada, determinada. Prefiro os adjetivos e os verbos. Os adjetivos, porque qualificam ou determinam o substantivo.  Os verbos, porque indicam ação. É a palavra por excelência. "No princípio, era o verbo..."  A partir do verbo, é possível criar. Verbo e adjetivo são, pois, a matéria-prima para quem lê e escreve. Em outras palavras, sem os verbos e os adjetivos não se vive de verdade. Não adianta , por exemplo, nomear um ser se não o qualifica ou o determina. Casa é sempre casa. Mas a minha é a minha casa. Tem suas particularidades. Seus meandros. A casa do outro é a casa dele... Também é singular, embora possa ter algo de coletivo como a minha. Essas singularidades só se tornam possível a partir do adjetivo, cujo valor é subjetivo, por excelência. O que quero dizer é que, para se utilizar o substantivo, antes é preciso usar o verbo para criá-lo e para dar a ele uma qualificação.
               Recorrer, pois, ao dicionário sempre que se precisa de um qualificador talvez não seja a melhor estratégia. Para qualificar, é necessário "sentir", e o dicionário não sente. Ele não pode ter ações como "pensar", "sentir", "perceber". Ações são típicas dos homens. Mas alguns preferem falar a agir. "Quem fala muito tem pouco a dizer." Não é a quantidade que exprime a clareza. Não é o "saber ler" que norteia o significado. Muitas vezes as palavras podem ser ditas no silêncio. Mas, eu sei, para muitos, isso é difícil de ser compreendido. É que a maioria das pessoas não aprendeu a ler. Apenas balbucia palavras. E sai por aí tecendo críticas e comentários... Fazendo-se de grande leitor. Lê as palavras, contudo não consegue dar a elas, ao conjunto delas, o sentido real. Fica nas linhas. Esquece as entrelinhas. As cores. As imagens. As  metáforas... Não olha nos olhos... Não observa o contraste, a sintonia, a continuidade, a atemporalidade... 
               Ler exige mais ação e sintonia com o todo que envolve a palavra. Sintonizar é sentir. É se comprometer com os sentimentos advindos da leitura. Lê bem quem se entrega à leitura. Entregar é a ação de abandonar... É necessário se abandonar naquilo que está sendo lido.  Abandonar-se significa observar,  prestar atenção aos detalhes...  Exige comprometimento com o que se lê. Não importa se essa leitura é de um livro, de um momento, de uma pessoa, de um espaço... É, por essa razão, que discuto a  importância do verbo e do adjetivo. Sem ação não há qualificação, determinação. Se houver, ela poderá estar recheada de equívocos. E é isso que, na maioria das vezes, ocorre nas leituras em que não se empreendeu a ação de "ler de verdade". Ficou-se apenas na superfície. Não houve mergulho. E, se não houve esse mergulho, a leitura é insensível, sem fundamentos práticos. Não deve ser levada em consideração. Ou o leitor fez uma leitura fria, distante do sentido, porque não sabe mergulhar,  ou ele, mesmo sabendo, preferiu ficar à tona e aí fez  uma "crítica" apenas para dizer que disse algo. Num ou noutro caso, nem o verbo nem o adjetivo devem ser levados em consideração.
               Sem "ler de verdade", "entregar-se à leitura",  é impossível qualificar, determinar. Ler é verbo. Entregar-se é verbo. Observar é verbo. Mergulhar é verbo. Considerar é verbo. Portanto, caro leitor, não  posso admitir que me leia, pensando que está comendo a sopa que você não gosta ou recorrendo ao dicionário para encontrar palavras para sua ignorância adjetival. Não suporto leitores ingênuos, despreparados, incautos.
               Pode me ler à vontade, mas, por favor, aprenda a usar o verbo! Depois, pode até me nomear ou adjetivar! Quando o leitor é realmente um leitor e não um ledor, as críticas são sempre bem-vindas! Pronto, falei!

Roziner Guimarães

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O mundo gira... Girassois



 O meu mundo gira... 
Nele girassóis! 
Se canto ou se rio... Se choro ou me apavoro... 
Olho para o céu e encontro as cores que colorem o meu desejo... 
Ouço o som da liberdade 
e sintonizo o sol do meu maior Amor.
Nada há que me encanta mais neste momento
do que um campo com seus girassóis! 
Sem eles, talvez eu fosse apenas um galho seco... 
Com eles, rolo e canto!
Pinto girassóis... Extravaso...
E os meus olhos se acalmam 
como calmas são as noites na primavera!

Roziner Guimarães