terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tempo de mudanças



Entra ano, sai ano, e os desejos das pessoas vão mudando... Algumas desejam mudar a cor do cabelo, mudar de residência... Arrumar um namorado! Casar... Ter filhos! Outras querem se separar... A palavra de ordem é mudança. Entretanto, a maioria fica apenas no desejo, porque mudar não é tão fácil assim. Exige coragem. Determinação! Ousadia! E, por ironia do destino, quando se fala em mudança, geralmente o sentimento mais real e constante é o medo. Mudar causa medo! Paradoxalmente, o novo excita e apavora! Vislumbram-se novos caminhos, mas a possibilidade de encontrar pedras e buracos na caminhada breca os desejos e faz com que as pessoas fiquem estagnadas no velho. Deixam-se ficar na antiga sonata de existir... “Amanhã, eu mudo...”. “Vou esperar chover para eu plantar...”. “Vou pensar direito sobre esse assunto, depois eu vejo...” E, assim, com essas desculpas, protelam-se os desejos. E aí surgem as insatisfações, a angústia, o estresse...
O desejo é, segundo o site da Wikipédia, “uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação.” Deseja-se porque tem carência do objeto desejado. Essa carência pode ser resultado de várias causas, mas em todas elas está o descontentamento com a atual situação vivenciada. Como não existe uma varinha de condão para realizar os desejos das pessoas, elas ficam, na maioria das vezes, no sonho, porque têm medo de correr riscos. Mudar é arriscar a situação financeira, o status...  Então, é preferível ficar estagnado. Pelo menos, o lugar onde se está é conhecido... A cor do cabelo não está boa, mas, com a mudança, pode piorar... Melhor sozinho do que mal acompanhado... Filhos dão muito trabalho... E a pessoa entristece! Passa a automatizar suas ações. Vive um conflito entre o ser e o querer... Perde a vontade de viver!
Todavia, se se quer ser pelo menos um pouco feliz, é vital a mudança. E, para tanto, arriscar é necessário e urgente. A frase “a vida é curta”, apesar de ser um chavão, revela a urgência da/na mudança.
Ando com desejo de mudanças... E, como tantos outros, também tenho meus medos e aí saí a procura de mais leitura sobre o assunto. Encontrei o texto de Marcelo Maroldi (http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1766). Dos vários depoimentos sobre esse texto, o de Daniela Castilho me chamou a atenção justamente porque expressa o que venho sentindo. Diz ela:

Não existe mais receita de sucesso. O título, porém, permanece. É mais "bem visto" se você disser que é médico, engenheiro, arquiteto, advogado, artista (artista sempre está em alta no Brasil) do que se disser que é vendedor, professor, diagramador, atendente de loja, caixa ou assistente administrativo. E aí não importa se é bem ou mal sucedido financeiramente. O dinheiro é um episódio à parte: se você tem, pode ser dono de mecânica de automóvel, o dinheiro irá lhe conceder o status que a função não concede. As pessoas esquecem que a vida é feita dia a dia e que não adianta ter dinheiro ou posses ou mesmo família e amigos se você está infeliz 99% do tempo. Viver deveria ser sempre encarado como uma oportunidade única e que precisa ser aproveitada. Mas não é. Só se tem essa consciência quando se atinge a velhice. É pena.

Mudar é um risco sim! É um desafio! Mas é, antes de tudo, ou pelo menos deveria ser, a certeza de que se está em busca da própria felicidade, esteja ela na simples mudança da cor do cabelo ou numa bem mais radical como descasar... Mudar de país... Deixar a segurança do emprego... O erro faz parte da caminhada. Já diziam nossos avós “é errando que se aprende”. De que adianta viver o “certo”, o “normal” se se vive infeliz?
Eu não quero mais viver de sonhos... Nem de pesadelos! Quero rechaçar esse vazio em mim. E, para isso, estou me alimentando de desejo, criando coragem para dizer adeus ao antigo... Ao que já está ultrapassado para mim... Quero ver o sol nascer... Correr atrás das borboletas. Cansei de cultivar um jardim para que elas viessem até mim. Nada é mais importante do que eu! Não quero ficar repetindo nostálgica o que escreveu Sérgio Britto em “Epitáfio”. Não quero ter de fazer uma lista dos sonhos que eu tinha e de quantos eu desisti de sonhar! Não quero assobiar para sobreviver! Não quero... Se no final não der “certo”, pelo menos vou poder dizer: “O importante é que emoções eu vivi...”.

Roziner Guimarães

7 comentários:

  1. Oi, moça, adorei as reflexões que vc tece a respeito da necessidade de mudança. É verdade: o medo às vezes se torna mais forte do que a determinação de mudar. Eu tb estou em fase de mudanças... Tenho meus desejos! Espero que vc supere o medo e se jogue na caminhada. Sucesso! Feliz 2011!

    abraços

    Fernando

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  2. augustocsnt3@gmail.com4 de janeiro de 2011 às 11:31

    Minha escritora querida,

    Estou longe de casa, viajando. Deu uma saudade enorme dos seus textos e resolvi vir aqui.

    Adorei os textos "Prólogo de um epílogo" e "Tempo de mudanças". Os dois´, apesar de revelarem certo "desencanto" com o presente, mostram que vc está se preparando para novos vôos! Isso é maravilhoso. Já começa o ano com novo olhar...

    Adorei tb a foto. Vc é linda! Desejo que em 2011 vc consiga empreender todas as mudanças que quer. Eu voltarei...

    Beijo gostoso!

    Augusto

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  3. Boa tarde,

    Adorei o texto e achei o assunto bastante apropriado - início de ano, ideal para as mudanças. Realmente vc tem razão: devemos observar nossos desejos e não camuflá-los ou adiá-los. Pena que o medo sempre nos acompanha, né?

    Sucesso!

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  4. Belo texto e bela foto. Cadê os créditos da fotógrafa, afinal foram várias poses rsrs tempos de mudança e novas poses rsrs

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  5. rs rs é verdade! A foto foi tirada por minha irmã Maristela A. Guimarães. E ainda bem que eu a copiei, pois alguém a roubou na posse da Presidente Dilma. Uma pena!

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  6. É preciso mais que ousadia pra falar que vai deixar de cultivar jardins e esperar as borboletas. É preciso ser poeta/ser pra dizer que vai correr atrás das borboletas. Como voce disse o desejo é o enxerto que nos impulsiona, unica maneira de romper a barreira do medo, tão belo e singular satisfazer nossos desejos. A foto tão bem posicionada expressa esse desejo de "procurar borboletas",não importa as cores, que venham todas, o medo está vencido e nada mais importa. Precisava dar esse "chutão" para o alto?

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  7. Oi, Sônia,

    Não é um chute... É apenas um modo de dizer que estou livre do medo e que a ousadia, a esperança me impulsiona a correr atrás das borboletas já que o jardim que eu cultivei (no próximo texto, vc entenderá melhor isso que estou dizendo)não tem mais a beleza que eu acreditei e aí... Aprendi que não é o jardim que atrai as borboletas. É a liberdade delas em ir e vir... É o gosto da rosa... É o calor... Então, como jardim sem borboletas não é jardim, e, como eu sei que elas existem e estão livres voando por ai, é melhor correr atrás delas... Brincando... Sendo Feliz!

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