sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quando o leitor incomoda o escritor?


               Quando o leitor incomoda o escritor? Essa pergunta me surgiu a partir do comentário do leitor Augusto César Neto num dos meus textos. Disse ele: "Passei por aqui tantas vezes em silêncio. Não quis incomodá-la, minha poeta querida, mas senti tanta falta de seus textos dos quais sou fã incondicional". Aí eu fiquei imaginando "Quando um leitor me incomodaria?" Pus-me a pensar.

               Eu não me sentiria incomodada se um leitor, depois de ler meu texto, dissesse: "Seu texto é muito ruim". Não, eu não me incomodaria. Eu não me incomodaria, porque, primeiro eu iria querer saber o que ele tem de ruim. Ouviria as queixas do leitor. Talvez ele tivesse mesmo razão. E, nesse caso, trataria até de pedir desculpas a ele. Como bem escreveu Perissé em "A arte da Palavra", o escritor é responsável pela coerência do texto e, evidente, pela compreensão do leitor. Se meu texto foi classificado como "ruim", então, eu não soube ser clara o suficiente para o meu leitor compreendê-lo ou então a temática escolhida não foi bem abordada. Eu, com certeza, ficaria chateada - não com ele, o leitor-, mas comigo que não soube dar acabamento ao que me propus.
              
               Ocorre-me pensar também que eu não me incomodaria se meu leitor, depois de ler o meu texto, dissesse: "O que você quis dizer?" Não. Eu não me incomodaria se ele me perguntasse isso. Ao contrário do que disse Quintana: "Quando alguém pergunta a um autor o que é que ele quis dizer, um dos dois é burro...", eu me sentiria era preocupada, pois pode ser que eu, como já mencionei acima, não tenha sabido dar coerência ao meu texto, ou quem sabe, não seria uma questão de coerência do texto, mas de total falta de conhecimento do leitor sobre o assunto, o que tornaria o texto muito denso para que ele pudesse compreendê-lo. Depois de estudar a situação, se a "culpa" fosse dele, eu iria dizer: "Eu quis dizer isso e isso." Se a "culpa" fosse minha, eu trataria de ler mais sobre o assunto e depois reescreveria o texto.
                          
               O que realmente me incomodaria é se eu não tivesse leitores. Ah, isso me incomodaria deveras. Todo escritor, embora alguns finjam que não, quer ser lido. Se não, escreve-se para quê? A crítica é um modo de mostrar reconhecimento. Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não me importa se eu não tiver leitores. Importa-me e muito. Se não quero leitores, por que escrevo, crio blog, tenho orkut, msn, twitter etc? Escrever pode ser uma forma de epifania, mas é também uma forma de estar presente nas pessoas. Estar vivo! E ai faço minhas as palavras de "Constância": "Enquanto escrevo, vou arrancando de mim os embriões de um gozo rápido, porém fecundo e intimamente só. Dou-me companhia. Crio um mundo infinito, tão infinito quanto é o mundo."
              
               Portanto, caro Augusto, o seu silêncio me incomoda sim. Suas palavras não. Não se sinta "náufrago", pois é sempre um prazer receber a visita dos leitores, sobretudo, a sua que diz ser um "fã incondicional" dos meus textos. Quando puder e quiser, esteja à vontade para comentar os textos, criticar, fazer sugestões. Isso só me honra e me incentiva a escrever mais.

Abraços!

Roziner Guimarães


4 comentários:

  1. Minha amada escritora, muito bom saber que vc se incomoda com meu silêncio, pois o seu silêncio tb me incomoda.

    Quando vc silencia, é porque está ausente desta página - meu refúgio. E aí meu coração fica aos pulos, porque é para cá que venho nos momentos em que procuro no mundo uma palavra e não a encontro... Por isso me sinto náufrago.

    E, se aceita sugestão, escreva! Prometo não me silenciar. Já passei o endereço do seu blog para vários amigos e todos que aqui vieram concordaram comigo, seus textos convocam os leitores à reflexão. Quem me dera escrever assim com alma.

    Obrigado pelo carinho com que tem recebido meus comentários. Continuo dizendo: sou fã incondicional dos seus textos. Quem sabe eu vá a Barra do Garças e possa conhecê-la pessoalmente.

    (Procurei sua cidade na internet... Linda! Meu Rio, apesar de lindo, anda muito violento!)

    Abraço gostoso!

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  2. Estou aqui, minha amada escritora. Tenha uma tarde poética!

    Abraço gostoso!

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  3. Minha amada escritora, adorei suas postagens no twitter, sobretudo esta: "Olho o meu minúsculo mundo maiúsculo e me sinto necessária como necessário é o canto da cigarra na primavera." Vc é realmente necessária!

    Obrigado!

    Abraço gostoso!

    Augusto

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  4. Tô ficando incomodada com esse negocio de silencio de leitor. Vou refletir mais sobre isso. Mais uma ocasião para reconstruir.

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