quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pela metade...


         Quanto mais eu conheço as pessoas mais eu me convenço de que nasci e vivo na contramão da vida! Não sou melhor do que ninguém, mas sei do meu valor! Por isso, ultimamente, estou tentando virar as costas para a noite escura... Tento ir ao encontro de mim sem olhar para trás! E as nuvens densas da escuridão vão-se abrindo em leque e eu vejo lá no finalzinho do horizonte um mundo menos hipócrita... Menos caótico... Menos vampirizador! Não me importa se me rotularem de egoísta, narcisista, egocêntrica... Ou seja lá o rótulo que quiserem me dar. Rotulada ou não, eu sou mais eu! Sei que eu sempre estive inteira em tudo que fiz... Sempre fui honesta com meus sentimentos e respeitei os sentimentos das pessoas! Não menti! Mas, ao contrário, não me respeitaram! Só ouvi mentiras! E eu, na minha eterna ilusão, fingi não perceber e continuei me doando... E o que recebi? Não, eu não queria (e não quero) aplausos, mas também não quero que se "aproveitem" de mim... Da minha insensatez! Da minha ingenuidade... Do meu adolescente romantismo!

       O que sou, e hoje sou bem menos do que ontem (porque hoje minhas asas quase desaprenderam o prazer do vôo), lutei sozinha para ser! O que tenho (inclusive o meu romantismo dito ultrapassado) consegui com muito esforço, persistência e obstinação! Mas, agora, estou cansada! Cansaram-me as críticas! Cansara-me a inveja! Cansara-me a hipocrisia!... Estou cansada de quebrar a cara! Cansei de tudo! Cansei, inclusive, de mim! Ando cansada deveras! Talvez, por isso, tenho sentido tantas dores! Dói-me o descaso! Dói-me uma vida de mentiras! Dói-me viver pela metade! Uma dor sem trégua! Uma dor já cansada de doer! Estou me despindo dela e me pondo nua para outras oportunidades...
      
       Quero uma vida mais doce! Sentir a chuva sem medo das trovoadas! Andar descalça na enxurrada! Correr de braços abertos sentindo a brisa na cara! Se vou sozinha, pouco importa! Cada qual tem seu próprio destino! Se pisarei espinhos... Se haverá pedras no caminho... Se abissais abismos... Se terei de atravessar pontes e pinguelas... Fazer o quê? Eu vou seguir o meu destino mesmo assim! E o meu destino não é mais aqui! Por isso, estou virando as costas para a ilusão! Chega... Chega de brincar de faz-de-conta! Chega de correr com lobos e dos lobos! Chega de ficar entre picos e vales! As planícies são monótonas... Não sou mulher de ficar olhando o sol nascer e depois ficar esperando ele se pôr... Longe, muito longe, no infinito! Eu sou águia, gosto das alturas! E, como águia, que sou, migrarei (se águia não migra... ensinarei esta a migrar!) rumo a outras paragens onde talvez faça inverno, mas haverá sempre a esperança de que chegue a primavera! Haverei de encontrar "a terra prometida"... Eu, que já fui Constância, de Blimunda quero distância! Cumpro apenas as minhas vontades! Fui...

Roziner Guimarães

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